Atualmente é consenso que chamar de opção sexual o modo como nosso desejo sexual se direciona não se justifica e não faz o menor sentido.

Gosto de fazer uma anedota para que isso fique definitivamente claro: pense nas decisões pós decepção amorosa!

Vou gostar só de quem gosta de mim…

Todo mundo que já viveu uma decepção amorosa já se pegou dizendo a célebre máxima: “Chega! Agora vou gostar só de quem gosta de mim, vou gostar de uma pessoa assim, assim e assado.” A pessoa quase cria uma planilha do Excel com as características do próximo amor, elaborando racionalmente como será sua escolha, sua opção.  De repente, a pessoa conhece alguém que permite que os requisitos da sua planilha sejam preenchidos em 80% e….. nada acontece. Simplesmente a pessoa não consegue se apaixonar e não entende como isso é possível. Ela se esforçou tanto para definir e racionalizar sobre o que queria. Como não se apaixonou? Simples, porque quando o assunto é desejo, tesão, paixão, não é operado pela razão, é operado por outra lógica, a lógica desejante que não responde a essas premissas racionais. A gente se apaixona e pronto. Os motivos dessa nossa emoção não são passíveis de explicação objetiva.

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Então, não faz sentido dizer de opção quando estamos discutindo desejo sexual. Os nossos desejos acontecem, se orientam para outras pessoas e é muito difícil colocar numa planilha ou em qualquer tentativa de racionalidade.

Quando pensamos em opção estamos dizendo de algo que é escolhido, que passa pela razão, algo decidido após ponderar prós e contras. Exatamente assim funcionam nossas escolhas amorosas, não é mesmo? Só que não

Falar de orientação do desejo sexual é mais interessante porque diz de como nosso desejo se direciona, se dirige, se volta, se torna… Gosto de pensar em vários verbos de movimento para dizer do desejo, porque o desejo se move!

E é desse jeito que entendo que temos que lidar com a orientação do desejo sexual, como um movimento. E é preciso ainda lutar para que todos os jeitos como nossos desejos se orientam sejam considerados legítimos e autênticos, recebendo a visibilidade e acesso a direitos e políticas, mas isso é assunto para um próximo artigo!

Photo by Renee Fisher on Unsplash
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